sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Plano Cerdà: A nova Barcelona proposta por Cerdà

Estou estudando teoria do urbanismo II e achei um texto falando das propostas que Cerdá fez em Barcelona
o link é esse: http://planocerda.blogspot.com/2007/05/o-plano-cerd-nova-barcelona-proposta_29.html
Mas vou postar aqui tbm:

O Plano Cerdà: A nova Barcelona proposta por Cerdà

A proposta de Cerdà para a cidade de Barcelona, aprovada inicialmente em 1859, apresenta uma intervenção completamente diferente. Os dois traçados urbanísticos básicos na época, a quadrícula e o radial – neste caso o segundo subordinado ao primeiro – eram sintetizados em um grande retângulo de sessenta por vinte módulos, localizado no espaço livre deixado entre a cidade medieval amuralhada e os povoados vizinhos e cortado por duas diagonais.

A casa é o ponto de partida do raciocínio de Cerdà. As habitações planejadas por Cerdà tinham como características: a privacidade do indivíduo no lar, com condições dignas de vida, o higienismo (sol, vento, ar, luz natural), que deveriam estar presentes nas habitações e o custo, adaptação do empreendimento para a classe operária.

Emprega grande esforço na formulação das “ilhas tipo” e, a partir do reconhecimento da quadrícula como o traçado que reúne tanto vantagens de ordem circulatória, topológica, construtiva, jurídica como urbanística, chega ao módulo quadrado de 113m de lado com um chanfro de 20m como o mais adequado.

Ao compreender a necessidade de compactação da cidade industrial, abre mão de qualquer exemplo de habitação unifamiliar com jardim, ideais no seu pensamento, mas procura manter o máximo de qualidade ambiental.
Imagem – Ildefonso Cerdà, Plano para Barcelona, 1859. Ilha-tipo. Fonte: TARRAGÓ CID, Salvador. Catálogo da exposição Cerdà, urbs i territori.

Cerdà escreve em sua “Teoria Geral da Urbanização” que a presença dos dois conceitos diretores, a “habitação” e a “circulação”, que hoje mais do que nunca continuam sendo os dois pólos operacionais do urbanismo estão presentes no plano de Barcelona no cuidado com a habitação e no projeto cuidadoso de uma rua realmente racional, com 20m de largura e separação entre os meios de locomoção.


Devemos entender como cidade tradicional um organismo urbano gerado através de um longo processo histórico. Neste contexto, tanto o traçado viário como a habitação coletiva são elementos que não podem ser concebidos separadamente. Não existem, portanto espaços indefinidos nesta relação restrita aos domínios do publico e do privado. A quadra da cidade tradicional se caracteriza por ser claramente delimitada e homogênea.

O plano de Cerdá desenha uma grelha ortogonal, incluindo praças. A cada conjunto de nove quadras e vias correspondentes se inscreve dentro de um quadrado de lado. A quadricula estende-se até os núcleos urbanos vizinhos e envolve a cidade medieval. Apesar de aparentar a imposição de uma nova ordem, indiferente ao contexto, o ajuste das bordas é feito com extrema habilidade tendo como suporte avenidas diagonais que surgem a partir de conexões pré-existentes. O corte diagonal nas arestas da quadra transforma o simples cruzamento de vias em lugar, gera também desta forma maior amplitude visual dos edifícios de esquina. As grandes avenidas possibilitam a conexão metropolitana e a integração à viabilidade universal. A tipologia é ortogonal, homogênea e igualitária. O melhor exemplo de habitação coletiva inserida neste contexto é a Casa Milà de Antoni Gaudí.


O plano previa quadra com ocupação perimetral em dois ou no máximo três lados. Os edifícios não ultrapassariam mais do que dois terços da superfície do quarteirão. Os espaços internos resultantes se abririam para a cidade oferecendo equipamentos públicos e generosas áreas arborizadas. O importante é enfatizar que neste momento a quadra passa de uma condição de residual para se tornar suporte de uma composição urbana que a tem como espaço da cidade. O perímetro da quadra deixa de ser o limite do espaço público.

Cerdà prevê o fluxo simultâneo de pedestres (com ou sem carga), de carruagens e trens elétricos. Serviços como água, rede de esgoto, telégrafo, ferrovia e rede de energia elétrica são planejados de modo que não poluam ou interfiram na paisagem da cidade (cabos, fios, postes e etc.), estes devem ser subterrâneos. Cerdá pensa na cidade como um todo: o ato de ir e vir, seja qual for o meio de transporte, a ordenação dos serviços básicos, o enquadramento e as perspectivas do lugar.

As ruas eram planejadas seguindo os princípios da orientação solar, largura, perfis transversais, tipo de pavimentação, diferença de cotas entre outros. As paisagens, praças e quadras deveriam interagir entre si, além de serem elementos harmônicos na cidade: isso seria possível através da análise de cortes (relação altura x largura) e na relação da casa com a quadra.
Analisa as entradas (portas), muralhas e vias de acesso. As muralhas são as condições do contorno e um elemento importante para a densificação do tecido urbano. Cada porta da cidade é o ponto de confluência de vias, sendo estes acessos centros do movimento. Quando limitamos as vias de acesso (interior x exterior), limitamos também a expansão natural das cidades.

Os centros de ação de Cerdà eram classificados conforme o tipo de atividade exercida e a mobilidade permitida pelo espaço: políticos ou administrativos, econômicos ou industriais, viários existentes, lazer ou áreas verdes.

Do desejo original de Cerdà permaneceu apenas o traçado viário, que é o elemento mais visível e conhecido de sua obra. As quadras foram maciçamente ocupadas no perímetro junto ao alinhamento da calçada retomando um caráter que a reaproximou da quadra tradicional. Originalmente as quadras foram concebidas em média com 67.000m³ de área construída, atualmente após 150 anos de adensamento progressivo temos em média 295.000m³ de área construída por quadra.



Talvez ajude vcs com a prova!